Estado e exceção econômica na periferia

acumulação primitiva e outras formas de expropriação do comum

  • Thiago Lemos Possas Universidade de São Paulo

Resumo

O artigo busca demonstrar a permanência do quadro de exceção econômica na periferia do capitalismo, bem como a instrumentalização de Estado e direito para a legitimação da expropriação do “comum”. Tenta-se compreender, destarte, a atualidade de conceitos como o da “acumulação primitiva”, da “subsunção formal” e da “subsunção real”, como instrumentos analíticos apropriados para a crítica da expropriação das riquezas sociais, do aprofundamento da condição periférica de países como o Brasil, e de como a forma jurídica e a forma política são funcionais a este projeto de “pilhagem” que se situa no âmago da “racionalidade neoliberal” (Dardot; Laval). As discussões empreendidas não manifestam adesão automática aos autores utilizados, mas buscam construir o argumento a partir de um diálogo crítico com textos de Antonio Negri, Michael Hardt, Laura Nader, Ugo Mattei e, no Brasil, principalmente, Leda Paulani, Paulo Arantes, Gilberto Bercovici e Francisco de Oliveira. O método escolhido é o materialismo dialético, que foi aplicado ao levantamento bibliográfico e à amarração dos conceitos direcionados à crítica da exceção econômica contemporânea. A usurpação do comum é um fenômeno global, mas que tem maior incidência fora do centro capitalista, o que justifica o enfoque dado ao Brasil como locus da observação do fenômeno.

Biografia do Autor

Thiago Lemos Possas, Universidade de São Paulo

Doutor em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo. Professor Universitário.

Publicado
2023-09-07
Seção
DIREITO ECONÔMICO